O homem que matou 77 pessoas em apenas um dia: o atentado de 22 de julho na Noruega

Anders Behring Breivik nasceu no dia 13 de fevereiro de 1979, em Oslo, capital norueguesa. Filho de um diplomata e uma enfermeira, sua mãe pretendia o abortar após identificar que ele estaria a chutando, enquanto feto, de propósito. Após nascer, o desdém de sua mãe aumentou.

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Wenche Behring – a mãe – acreditava que Anders era uma criança má cujo objetivo era destruí-la e parou de amamentá-lo depois de poucas semanas, alegando que ele estaria “sugando sua vida para fora dela”. Depois de completar um ano de idade, seus pais se divorciaram.

Reprodução: Internet

A guarda do menino ficou com a mãe. Quando completou 4 anos, por recomendação de vizinhos, Wenche levou o filho para uma clínica psiquiátrica voltada para crianças e adolescentes. Ela e Anders frequentaram o local por cerca de um mês para serem observados.

Os psiquiatras envolvidos constataram que Anders era vítima de abusos emocionais e psicológicos. Ele não demonstrava emoções, não chorava quando machucado e era obcecado por limpeza e organização. O menino agiria assim para evitar punições submetidas por sua mãe.

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Enquanto isso, Wenche declarou abertamente que “desejava que [Anders] estivesse morto”, e o menino reagia de forma negativa quando aproximado da mãe, que projetava nele “medos paranóicos-agressivos e sexuais em relação aos homens em geral”, segundo relatório.

Foi recomendado que Anders fosse transferido para um lar de adoção; no entanto, a medida adotada foi deixá-lo sob cuidado de outra família nos fins de semana. Após tomar conhecimento da situação, o pai do menino, Jens Breivik, ajuizou uma ação para conseguir a guarda do filho.

No entanto, os colegas de Wenche da enfermaria do Parque Vigeland (Oslo, Noruega), ao qual Anders ia desde seus 2 anos, testemunharam que não havia nada de errado com o menino e a relação dele com a mãe. Jens não conseguiu reunir evidências suficientes para provar o contrário.

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Foi decidido que Wenche ficaria com a guarda integral de Anders, encerrando seus fins de semana com famílias voluntárias, e que a família seria supervisionada periodicamente. Contudo, após três visitas esparsas, a supervisão foi interrompida e nunca foi retomada.

Na adolescência, Anders foi descrito como um jovem fisicamente forte – ele frequentava academias e usava esteroides desde a juventude – e inteligente. Seu hobby era fazer grafite. A atividade fez com que fosse pego pela polícia várias vezes, chegando a ser multado duas vezes.

Aos 15 anos, ele cortou contato com seu pai, que desaprovava seu hobby. Quando atingiu a maioridade, foi dispensado do serviço obrigatório do exército norueguês por ser “inapto para o serviço militar”, conforme explicado na sua avaliação de recrutamento.

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No ano 2000, já com 21 anos, Anders foi elogiado por colegas de trabalho, que admiravam sua gentiliza com todos, embora um amigo tenha notado que ele tinha um grande ego e ficava particularmente irritado ao interagir com pessoas vindas do Oriente Médio e Sudeste Asiático.

Nos próximos anos, Anders fez cirurgias plásticas no queixo, nariz e testa. Além disso, em 2002, ele começou a planejar os ataques que promoveria dali a nove anos. Buscando financiar o atentado, ele atuou como empreendedor, sendo bem-sucedido com mais de uma empresa.

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Contudo, perdas no mercado de ações e falência de sua primeira empresa teriam atrasado seus planos. Em 2007, ele voltou a morar com a mãe para economizar. Dois anos depois, sua declaração de imposto de renda mostrou que ele teria aproximadamente R$ 112 mil em patrimônio.

Em 2010, Anders comprou uma pistola e um rifle semiautomáticos. Ele conseguiu a licença para porte de armas após se inscrever num clube de tiro e alegar que usaria o rifle para caça recreativa. No final de junho de 2011, ele começou os preparativos finais para seu plano.

No dia 23 daquele mês, ele quitou as dívidas de seus nove cartões de créditos para ter acesso aos recursos necessários. Alguns dias depois, ele se mudou para sua fazenda, localizada numa região rural a 140km de Oslo, onde passou a encomendar materiais para produzir explosivos.

Em 2009, ele havia aberto uma empresa chamada “Breivik Geofarm”, companhia de fachada para adquirir fertilizantes artificiais e outras substâncias para fabricar bombas, que só foram encomendadas semanas antes do ataque. No dia 21 de julho de 2011, Anders completou sua preparação.

No dia 22 de julho de 2011, Anders detonou uma bomba de fertilizante plantada num carro estacionado no centro de Oslo, próximo a edifícios que abrigavam diversos gabinetes de oficiais do governo norueguês, incluindo alguns do primeiro-ministro do país.

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Jens Stoltenberg, atual Secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN e, à época, primeiro-ministro da Noruega, era líder do Partido Trabalhista norueguês, o qual Anders desprezava desde sua juventude. Ele sobreviveu ao ataque.

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No entanto, 8 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas. Menos de uma hora e meia do atentado, Anders já estava na ilha de Utøya, munido de suas armas e vestido como policial. Um acampamento de jovens promovido pelo Partido Trabalhista da Noruega ocorria no local.

Anders passou a atirar contra o grupo de mais de 600 jovens, dos quais muito eram adolescentes – e até crianças, havendo pessoas de até 10 anos no acampamento. Quando a polícia chegou à ilha, cerca de uma hora após a denúncia do tiroteio, 69 vítimas foram mortas.

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A demora para a chegada das autoridades foi por conta de o único meio de acesso à ilha ser via balsa. Mesmo assim, a resposta da polícia foi duramente criticada. Anders se rendeu imediatamente e confessou ser o autor do atentado em Oslo e do massacre em Utøya.

Anders foi indiciado pelos crimes de “desestabilizar ou destruir funções básicas da sociedade” e “criar sério receio na população”, ambos classificados como atos terroristas pela legislação penal norueguesa. Seu julgamento foi iniciado no dia 26 de abril de 2012.

Após ser declarado mentalmente são em agosto daquele ano, Anders foi condenado a uma forma especial de pena do direito penal norueguês chamada “contenção”, que tem o mínimo de 10 anos e pode ser estendida indefinidamente, podendo se tornar prisão perpétua.

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Estima-se que Anders servirá 21 anos de reclusão, com previsão de saída em 2033. Em 2016, ele ganhou uma ação na qual alegava ser tratado de forma desumana na prisão, embora a Noruega seja considerada como o país com o sistema penitenciário mais humanizado.

Um ano antes, ele havia se matriculado na Universidade de Oslo, na Noruega, onde se formou estudando Ciência Política à distância. Nas audiências a qual compareceu desde sua prisão, Anders fazia a saudação nazista, gesto que ele repetiu na sua aparição mais recente, em 2022.

Em fevereiro deste ano, novo julgamento determinou que ele é mentalmente desequilibrado e que continua representando uma ameaça à sociedade, de forma que sua prisão foi mantida. Ele não será submetido a nova audiência por pelo menos dois anos.

O caso foi reproduzido no livro “Um de nós: a história de um massacre na Noruega – e suas consequências” (2013), que inclui a história de algumas vítimas e o impacto do atentado na sociedade norueguesa. Em 2018, foi lançado “22 de julho”, filme baseado na obra de 2013.

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