Após 13 anos na Record TV, o autor Emílio Boechat que escreveu título como “Marcas da Vida” e coloborou com os sucessos “Os Mutantes”, “Bela a Feia” e “Rebeldes”, disse durante uma entrevista ao F5 que sua saída da emissora se deu depois de várias interferências da igreja.

No início de 2020 quando escrevia “Gênesis”, o autor rescindiu o seu contrato com a Record TV, sendo substituído por Camilo Pellegrine.
O autor que teve passangens marcantes pela Globo, Band e GNT deixou claro que as interferências por parte de um núcleo ligado ao bispo Edir Macedo, nas supervisões de seus textos foi o principal fator para sua saída.
“Como sabia que eles iriam mudar muita coisa, até pedi no acordo de rescisão para tirarem meu nome dos créditos, pois já não tinha mais controle, não sabia o que os capítulos iriam virar. Mesmo tendo escrito uma parte, não quero ter meu nome atrelado ao rumo que ‘Gênesis’ vai tomar.”
Emílio vai além e diz que não havia debates ou conversas, mas sim ordens para modificar os capítulos da trama. Sua obrigação era acatar e reescrever. Segundo o autor, as ordens eram de Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo.
As interferências por si só não começaram de agora, mas desde a novela “Os Dez Mandamentos”(2015), escrita por Vivian de Oliveira que também deixou o canal pelos mesmos motivos.
“Em ‘Apocalipse’ [2017], que escrevi com a Vivian de Oliveira, lembro de ela ter ficado bem incomodada com os pedidos recorrentes de alterações. Ela ainda discutia e colocava seu ponto de vista, mas ela foi afastada. Para um autor com ideias, ficou um ambiente difícil de se trabalhar”, relembra o autor.
Depois das interferências, as questões políticas adotadas pela Record TV a favor do presidente Jair Bolsonaro também o deixou sem opção, uma vez que as visões tomadas pela emissora eram distintas da sua.